O grupo Orquidário é registrado na Universidade Federal da Bahia como grupo de extensão Experimentações paisagísticas: do projeto à prática, sendo coordenado pela professora Me. Nayara Amorim.
O objetivo principal, deste grupo, é expandir e desenvolver as habilidades e conhecimentos dos alunos na área de paisagismo, contribuindo para transformar os espaços da sociedade.
A formação se deu através de vários fatores e ocorrências na Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia - FAUFBA, e teve como principal vertente para sua criação o interesse dos alunos em experimentar na prática o conhecimento teórico que absorviam em poucas disciplinas de paisagismo ofertadas pela faculdade.
O ponto de início aconteceu após complicações vindas do Flamboyant (Delonix regia), árvore símbolo da FAUFBA, que foi atingida por cupins e tornaram o tronco oco por muito tempo. Com as fortes chuvas no período entre Julho e Agosto de 2017 o tronco foi apodrecendo de dentro para fora e em Agosto a árvore foi cortada com seus troncos retalhados. Os alunos, professores e funcionários assistiam com um grande sentimento de perda.
Contudo, surgiu um grupo de alunos perceberam que existiam orquídeas que nasceram ao longo do tempo nos troncos da árvore decepada. Juntamente com uma das professoras de paisagismo, os alunos começaram a recolher esses troncos e levaram para um local sombreado, até que surgiu a ideia da criação de um orquidário pelo aluno Takeo Komorizono.
A professora então organizou um concurso interno na faculdade para selecionar o projeto que melhor atendesse a necessidade de abrigar as plantas e proporcionasse o melhor ambiente para o desenvolvimento das orquídeas. A proposta da aluna Zaira Portela foi a melhor escolhida ente os candidatos, localizada na antiga fonte de água, hoje desativada.
O projeto contemplava em pendurar os troncos cortados na parte inferior dos degraus e na fonte, formando o orquidário junto com outras espécies de plantas que existiam no local. O local é sombreado a maior parte do dia, úmido e estava sem uso, o que incentivou a ocupação do espaço na universidade.
O projeto foi executado com alguns alunos que se dispuseram a ajudar. Logo após a conclusão da proposta, foi observado o desejo dos participantes em continuarem novas experiências na área de plantio e cuidados com o meio ambiente.
Deste modo, o grupo se auto titulou Orquidário, por conta de sua história.
O grupo das Plantas Alimentícias Não Convencionais ‒ PANC’s, é orientado pelo professor Dr. José Geraldo de Aquino Assis, do Laboratório Genética e Evolução Vegetal, do Instituto de Biologia ‒ UFBA.
Este grupo tem como objetivo a disseminação da importância do uso dessas plantas para a sociedade, descobrir como elas podem ser aproveitadas como alimentos, e como inseri-las em projetos paisagísticos, visto que é perceptível a beleza singular de muitas e a facilidade no cultivo.
Foi possível sentir a relevância deste trabalho durante a visita aos quatro espaços de cultivo que ficam no terraço do Instituto de Biologia, no Jardim Didático, na Usina Experimental de Compostagem e também no fundo do Hospital Veterinário, todos localizados na UFBA. Segundo o professor-coordenador, existe muita facilidade em encontrar as PANC’s por toda cidade, porém grande parte da população não conhece os benefícios nutricionais, medicinais e ecossistêmicos que podem obter ao cultivar e consumir essas ervas, há, ainda, o preconceito com o uso dessas espécies, as associando a ervas daninhas.
As PANC’s, segundo a Cartilha de hortaliças não-convencionais na Amazônia (MUSA, 1997, p. 01), são plantas utilizadas há muito tempo, tanto na alimentação quanto na cultura das comunidades tradicionais. Receberam o termo de não-convencionais entendendo que suas potencialidades são desconhecidas para muitas pessoas. Porém é importante ressaltar que hortaliças incomuns em uma região podem ser bem utilizadas em outras. Um exemplo é o Jambu, conhecido na Região Norte do Brasil e usado na culinária regional, enquanto outras regiões utilizam ervas diferentes.
Este trabalho desenvolvido no IBio possui um impacto social e econômico muito grande, e vem sendo realizado desde o ano de 2014, quando houve o vínculo com a Faculdade de Gastronomia da UFBA, que permanece até hoje, e possibilitou o desenvolvimento do trabalho: Aceitação de Preparações Gastronômicas com PANC’s Nativas, que foi premiado no III Simpósio da Rede de Recursos Genéticos do Nordeste, realizado em outubro de 2017.
Também há intercâmbio de mudas, por meio das doações de algumas espécies na Feira Agroecológica da UFBA, que é uma atividade de extensão orientada pelas professoras do Instituto de Biologia, que reúne agricultores para comercialização de diversos produtos orgânicos.
Atualmente a equipe é formada por um professor permanente, quatro bolsistas graduandos, um aluno do mestrado, além de voluntários dos cursos de biologia, gastronomia e colaboradores eventuais. O grupo está sempre aberto a receber novos participantes que estejam dispostos a aprender mais sobre as PANC’s. Quando perguntado ao grupo de estudo e plantio das PANC’s que outros grupos na Universidade eles conheciam ou estabeleciam parceria, por tratarem de temas semelhantes ou correlacionados, eles indicaram: o Jardim Didático, a Estufa, a Usina Experimental de Compostagem e o Laboratório LCTV, todos do Instituto de Biologia, o programa Arte e Horta e o grupo Arte e Cultivo, da escola de Belas Artes, o Orquidário, da Faculdade de Arquitetura, a Compostagem Francisco, do Instituto de Química, e a Feira Agroecológica da UFBA, uma ACCS do Instituto de Biologia.
A descoberta do Laboratório de Cultura e Tecidos Vegetais Planta in Vitro ‒ LCTV aconteceu através do professor Geraldo, que proporcionou a aproximação com a professora Dr.a Moema Cortizo Bellintani, do Instituto de Biologia.
O grupo busca o aperfeiçoamento das técnicas de Cultura de Tecidos das plantas endêmicas ornamentais e medicinais que estão em risco de extinção, desde orquídeas, velósias, sempre-viva a cactos, mantendo o material genético das mesmas e pesquisando novas formas de conservação, preservação e propagação. O laboratório é composto pela professora permanente, dois mestrandos, cinco bolsistas de iniciação científica, três bolsistas do programa de extensão, todos da UFBA e uma voluntária sem vínculo formal com a Universidade.
Segundo Dos Anjos (2013), as técnicas de cultura de tecidos visam o cultivo isolado, controlado e asséptico de indivíduos ou partes destes (explantes), sendo o material resultante utilizado para regeneração da planta de interesse. Este tipo de cultivo é denominado in vitro e se baseia na capacidade de totipotência apresentada pelos tecidos de origem vegetal. Para isso, são utilizados meios de cultura que são base nutritiva para o crescimento e modulação do desenvolvimento do material cultivado. Os meios de cultura podem ser suplementados com reguladores vegetais e carvão ativado, entre outras substâncias. (apud PEREIRA, 2009; MORAIS, 2012).
A coleta de materiais para estudo acontece no Parque Municipal de Mucugê, na Bahia, por meio do Projeto Sempre-Viva, que, segundo a página do parque, tem como objetivo a preservação de ecossistemas de domínio rupestre. Em especial, de uma variedade de sempre-viva endêmica de Mucugê (Singonanthus mucugensis giulietti) que se encontrava ameaçada de extinção.
O laboratório, é o local de manipulação e conservação das plantas e se localiza no Instituto de Biologia.
Quando há a necessidade de transferir a planta para o ambiente natural, as mesmas são levadas à estufa para passarem pelo processo de aclimatação. A estufa faz parte do programa de extensão e está instalada no Campus de Ondina da UFBA ao lado do Restaurante Universitário e da Geodésica.
Existe a possibilidade de comercialização das mudas, que não serão mais utilizadas para fins de pesquisa, porém esse processo precisa ser regulamentado e enquadrado nas legislações da Universidade. Já aconteceram algumas doações na Feira Agroecológica da UFBA e nos Campus da Universidade.
Pode se concluir que o Laboratório possui um papel de grande magnitude na preservação de plantas nativas ameaçadas de extinção, tornando possível a multiplicação das mesmas em abundância mesmo em um processo lento e cuidadoso. É de grande importância que o laboratório consiga disseminar as plantas já estudadas, que não possuem mais necessidade de isolamento, à comunidade acadêmica e até mesmo a todos aqueles que desejam cultivar essas espécies.
Quando perguntado ao grupo Jardim Didático quais outros grupos na Universidade eles conheciam ou estabeleciam parceria por tratarem de temas semelhantes ou correlacionados eles indicaram: a Feira Agroecológica da UFBA, uma ACCS do Instituto de Biologia e também a professora Sheila Resende do Laboratório de Fisiologia Vegetal, no IBIO.
A aproximação com o Programa Arte e Cultivo aconteceu a partir da conversa com a professora Dr.a Inês Karin Linke Ferreira da Escola de Belas Artes ‒ EBA, na Universidade Federal da Bahia. O programa surgiu em 2016, a partir da iniciativa de resgatar o hábito da troca de saberes e conhecimentos particulares de cada ser, sendo possível compartilhar as histórias vividas, saberes culinários e métodos de realizar trabalhos artísticos, como mecanismo de despertar reflexões sobre práticas culturais através de metodologias interdisciplinares.
O grupo é formado pela professora-coordenadora, dois alunos mestrandos, um bolsista de extensão e um bolsista voluntário da Escola de Belas Artes, além de participantes da comunidade acadêmica e moradores das regiões circunvizinhas a UFBA. Os encontros para a troca de conhecimento popular acontecem na área de convivência dos estudantes, ao lado do estacionamento da Escola de Belas Artes, mostrado na Figura 6 a seguir. O espaço que antes servia para estacionamento de carros foi reestruturado, recebendo bancos e mesas, houve também a realização de intervenções artísticas e a construção de um canteiro para o cultivo de plantas medicinais e hortaliças, em uma linha de continuidade para além da estética imposta pelo mercado.
É constatado, por meio da visita ao espaço e conversa com a professora-coordenadora, a importância que o grupo possui para a sociedade, confrontando as imposições do padrão de gosto e beleza, buscando valorizar a plástica das técnicas alternativas utilizadas pelas comunidades dos bairros de Salvador. A professora ainda exemplificou que um jardim com plantas medicinais, blocos aparentes, sem pintura e acabamentos possui o mesmo potencial de representatividade que um jardim adornado, com acabamentos e plantas ornamentais. Neste grupo se percebe que as atividades realizadas são formas de provocar novas percepções, valorizando as iniciativas de cuidado do espaço de uso comum por meio da arte e utilizando o cultivo como ferramenta de expressão dos aspectos sociais e políticos particulares de cada comunidade. As intervenções realizadas são incorporadas aos processos de lutas, reivindicações, e resistências através dos métodos de disseminar o conhecimento sobre diferentes formas de cultivos, provocando o questionamento sobre qual é o padrão de beleza das espécies cultivadas e dos espaços de intervenções e também as possibilidades de promover uma harmonização entre a arte e o plantio.
Quando perguntado ao grupo Jardim Didático quais outros grupos na Universidade eles conheciam ou estabeleciam parceria por tratarem de temas semelhantes ou correlacionados eles não indicaram nenhum.
O Ocupe Geo surgiu, em 2015, a partir do coletivo de alunos do Teatro Pleorama, buscavam formas que permitisse um teatro sem fronteiras entre o ator e o espectador. O coletivo iniciou então uma procura por formas desconhecidas de grupos que se organizaram em sociedade, com foco nas comunidades quilombolas e indígenas, e nas atividades permaculturais.
Participaram então de um curso que ensinava técnicas para construção de uma geodésica, e conseguiram construir a primeira com material de tubos de PVC na Escola de Teatro da UFBA, no Campus de Ondina. Em continuidade às atividades, a SUMAI apoiou a criação do Jardim Permacultural no Sistema Agroflorestal ‒ SAF da UFBA.
Surgiu em sequência o Coletivo Praça Viva, no qual os alunos buscavam formas de se reorganizarem na Universidade, e criaram o Ponto de Cultura na área do SAF da UFBA, local que era possível cultivar certas espécies, reconstruir um espaço para os estudantes por meio da perspectiva deles mesmo e chegando até a fazer campanhas como o “SAF em pé”.
Atualmente a geodésica está instalada no espaço cedido pela SUMAI, próximo ao Portão 02 de entrada da UFBA, próximo ao Restaurante Universitário e à Superintendência de Tecnologia da Informação – STI.
O grupo Ocupe Geo possui como vertente a agroecologia, a cura e a arte. Desse modo sempre acontecem intervenções artísticas no local de encontro e atividades integrativas, como Taishi às quartas-feiras, Yoga às quintas-feiras, além de eventualmente o Acroyoga que mistura técnicas do Yoga convencional com acrobacias e o Xamanismo que utiliza práticas religiosas, mágicas, filosóficas e etnomédicas.
Há também a criação de jardins no espaço de permanência através do plantio consorciado, que, segundo uma matéria no eCycle é uma técnica na qual se planta duas espécies com características biológicasdiferentes, onde uma consegue proteger a outra, das pragas, insolação e quaisquer mal, graças a especificidades naturais de cada uma.
O Grupo é registrado na Proext UFBA como Atividade de Extensão e é coordenado pelos professores Dr. Leonardo Jose Sebiane Serrano e Dr. Ivan Maia de Mello, ambos do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos – IHAC. Participam também cerca de dez graduandos de cursos diferentes, como o Bacharelado Interdisciplinar em Artes, Bacharelado Interdisciplinar em Ciências e Tecnologia, Biologia, Teatro, Educação Física, Geografia e Saúde Coletiva, além das pessoas que não possuem vínculos formais com a instituição de ensino.
Percebe-se que a existência do Ocupe Geo é bastante importante para reforçar a interdisciplinaridade, as relações com o meio ambiente e entre as pessoas na Universidade, pois integra o dinamismo de fazer arte e do cultivo de plantas para transmitir a cura ao indivíduo que está submerso em atividades corriqueiras e precisam, muitas vezes, parar e apenas perceber a sensação da respiração e das energias que emanam da terra.
Quando perguntado ao grupo Ocupe Geo quais outros grupos na Universidade eles conheciam ou estabeleciam parceria por tratarem de temas semelhantes ou correlacionados, eles indicaram o coletivo Mata Inteira, os encontros do grupo acontecem atrás da Escola de Dança da UFBA.
O contato com o Projeto Compostagem Francisco 6 se deu por meio da conversa com a professora Dr.a Zenis Novais da Rocha, coordenadora do grupo, e o professor M.e José Petronilio Lopes Cedraz, ambos do Departamento de Química Geral e Inorgânica ‒ Instituto de Química/UFBA.
A Compostagem Francisco surgiu em 2015 através da iniciativa da professora Zenis em atender ao chamado do Papa Francisco, para que a humanidade pudesse mudar o modo de vida e o consumo desenfreado dos bens naturais, se conscientizar sobre as questões ambientais e preservar o meio ambiente. A professora, que já ministrava aulas sobre técnicas para produção de material composto, acabou conhecendo as metodologias utilizadas no Projeto de Compostagem do Shopping Eldorado, em São Paulo.
Segundo a página online do Shopping Eldorado, o projeto Telhado Verde conta com uma horta construída na parte superior do edifício, que recebe o adubo produzido por meio da composição dos restos de alimentos da praça de alimentação e enzimas que aceleram o processo de compostagem, além de possibilitar a redução da quantidade de lixo enviada ao aterro sanitário.
A professora, com seus próprios recursos, comprou os materiais necessários para a produção de composto orgânico, e o Instituto de Química forneceu o espaço ao fundo do edifício para a instalação das máquinas e realização da atividade. As compras dos materiais utilizados eram feitas, inicialmente, pela empresa Bio Ideias, de Minas Gerais, porém, após perder o vínculo, a professora desenvolveu uma tecnologia que é utilizada até os dias atuais.
O Projeto Compostagem Francisco visa transformar em adubo os resíduos orgânicos providos de restos de alimentos coletados do Restaurante Universitário ‒ RU do Campus de Ondina. O processo de reação entre os restos alimentares do almoço e os biocatalisadores dura cerca de 1 hora e possui cinco etapas, descritas abaixo:
Etapa 01 - É necessário fazer a triagem dos resíduos para retirar os ossos, plásticos e papéis, e misturar na betoneira por 5 minutos até homogeneizar;
Etapa 02 - Misturar o resíduo homogeneizado ao pó de serragem e ao biodegradador por 10 minutos na betoneira e descansar 5 minutos;
Etapa 03 - Adicionar por 5 minutos na betoneira o bioativador 01 à mistura da Etapa 02, para auxiliar no controle da umidade e patógenos;
Etapa 04 - Com a betoneira desligada é preciso adicionar o bioativador 02 e biofinalizador à mistura e homogeneizar cerca de 10 minutos;
Etapa 05 - Deixar a mistura descansar por 24 horas e adicionar novamente o bioativador. Revirar a massa por uma semana e depois ensacar para uso.
O projeto promove a reutilização do lixo produzido na Universidade e transforma em material composto para ser utilizado na adubação. Antes, produzia-se cerca de 25 Kg por dia, hoje são 45 Kg de adubo devido ao aumento de participantes voluntários e à grande quantidade de produção de lixo orgânico do Restaurante Universitário.
A equipe é formada por dois professores permanentes e alunos voluntários do curso de Química, porém, sempre está pronta a receber novos estudantes de outros cursos da UFBA. É perceptível que essa abertura possibilita uma rotatividade de pessoas no grupo e de produção do material composto, além de disseminar o conhecimento desta técnica e despertar o interesse da comunidade acadêmica a utilizar formas de preservar o meio ambiente.
A professora-coordenadora também cuida de uma área de cultivo de espécies variadas no entorno do local de produção do adubo, como mostra a Figura 3 abaixo, e utiliza o próprio material para adubar as plantas.
O grupo fornece o material composto a várias instituições na cidade, como por exemplo, a Penitenciária Lemos de Brito e a Escola Quilombo Quioiô no Subúrbio Ferroviário de Salvador, além de grupos da UFBAque trabalhem com plantio, como o Orquidário, na Faculdade de Arquitetura, o Jardim Didático e o grupo Rede PANC Bahia, ambos do Instituto de Biologia e a Superintendência de Meio Ambiente e Infraestrutura ‒ SUMAI.
Analisando a interação que a Compostagem Francisco mantém com estes grupos e as instituições, pode se perceber que provoca nos grupos o fortalecimento das atividades e encorajamento, aos que trabalham com plantas de alguma forma, a continuarem com suas ações, além de viabilizar o processo importante de adubação da terra e preparo para receber mudas e sementes, algo que pode ser inviável financeiramente para alguns grupos.
O segundo encontro aconteceu com a professora Dr.a Maria Aparecida José de Oliveira, coordenadora do laboratório de Tecnologia de Sementes Florestais Nativas ‒ LASED ‒ Instituto de Biologia. A dinamicidade do laboratório acontece tanto pelas pesquisas científicas produzidas com dois bolsistas de iniciação científica, quanto pelas atividades de ensino da professora-coordenadora, em dois componentes curriculares, Bio 151 e Bio C78.
A disciplina Botânica Aplicada ao Paisagismo ‒ Bio 151, que surgiu em 2016, afirma, na descrição da ementa, realizar a abordagem da paisagem como síntese do meio ambiente, desde o histórico, evolução e noções básicas de jardinagem, até a identificação e aplicação de plantas ornamentais no projeto paisagístico, despertando a percepção das funções ecológicas, estéticas, econômicas e culturais. A Atividade Curricular em Comunidade e Sociedade ‒ ACCS “Matas Urbanas: agroecologia e permacultura, usos e convivências nas áreas verdes da UFBA” ‒ Bio C78, surgiu em 2015, com o objetivo de construir reflexões críticas sobre os desequilíbrios ambientais e disseminar formas sustentáveis que conduzam à solução dos problemas da sociedade. As aulas teóricas e práticas são voltadas para o ensino da agroecologia e permacultura, onde os alunos participam de oficinas sobre técnicas de compostagem, técnicas de plantio e identificação das espécies. E vão a campo para trocar conhecimento com a comunidade, através de metodologias da educação popular.
O Jardim Didático está localizado na lateral esquerda do Instituto de Biologia, é o canteiro de experimentação onde os alunos das duas disciplinas podem ver os exemplos teóricos sendo aplicados tanto no cultivo das plantas medicinais, aromáticas e alimentícias não-convencionais, quanto na decomposição de materiais orgânicos e na criação de um meliponário. No jardim também se encontra um dos canteiros com as hortaliças do grupo que trabalha com PANC’s, coordenado pelo professor Dr. José Geraldo, apresentado anteriormente.
As atividades de plantio do grupo acontecem em unidades agrícolas, localizadas na Região Metropolitana de Salvador, em São Sebastião do Passé, Mata de São João e Arataca, todas no estado da Bahia. São terras que antes pertenciam a um único dono e foram divididas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA, em parcelas ou lotes, para famílias que não teriam condições econômicas de adquirir um imóvel rural, podendo manter e explorar as terras para o seu sustento por meio da mão de obra familiar. O grupo Jardim Didático também colabora em algumas hortas coletivas da cidade e na Associação Educacional Salva.dor, uma ONG que atua na área sociopedagógica utilizando a didactologia Waldorf, no bairro de São Lázaro.
É possível perceber que esta relação com as disciplinas semestrais pode atrasar o processo de criação de vínculo entre o grupo e a comunidade, pois todo semestre os alunos são renovados, e considerando que cada aluno possui seu tempo individual, acaba afetando o desenvolvimento do próprio grupo e com a comunidade também. A rotatividade de pessoas na equipe pode tornar necessária a readaptação nas formas metodológicas de aplicar o conteúdo, mas também permite o compartilhamento do conhecimento entre estudantes de diversas áreas. Outro aspecto observado é que a ACCS Matas Urbanas é regulamentada como atividade de extensão da UFBA, e esse processo facilita a viabilização de transportes e financiamento das atividades realizadas.
Quando perguntado ao grupo Jardim Didático quais outros grupos na Universidade eles conheciam ou estabeleciam parceria por tratarem de temas semelhantes eles indicaram: o Ocupe Geo, a Superintendência do Meio Ambiente – SUMAI e a professora Nair da Faculdade de Educação.